ÚLTIMO DE JULHO

Não interessa quantas horas dormi, interessa sim que hoje saí da cama cedo e apressada, sem precisar da ajuda do despertador. Bebi o primeiro copo de água da manhã e a caminho do banho paro para me olhar ao espelho. Já há música pela casa e eu sorrio. Julho termina hoje e só eu sei a felicidade que isso me traz.

Resolvi tirar a manhã e rumar até à praia na esperança de namorar o sol. Mas, e com muita pena minha, o nosso namoro foi interrompido pela presença de muitas nuvens, vento e algum frio. Foi bom enquanto durou, pensei eu. Foi bom mesmo. Hoje quero tudo menos queixar-me. Hoje sabia que, mal ouvisse ao fundo o senhor das bolas de berlim, eu iria correr em sua direção para me deliciar numa. Sem culpas, sem pressões, sem arrependimentos. Que se lixe, pensei eu! Até os meus olhos sorriram para ela de tão bem que me soube.

Voltei para casa já sem sol mas animada. Arrumei algumas coisas e contemplei o silêncio e o facto de sentir a minha casa como um espaço bonito, onde cada vez me sinto melhor. As pequenas coisas são, de facto, enormes.

Não me vou queixar mais de Julho. Tive-lhe sempre muito pouca esperança e a verdade é que não me trouxe muita coisa boa. Mas cresci, cresci na mudança, cresci na tristeza, cresci em silêncio e percebi que existem caminhos que precisamos mesmo de percorrer sozinhos, sem grandes ajudas ou facilitismos. Percebi que em dizer que queremos muito uma coisa e fazer por isso vai uma enorme diferença, percebi que nem todos os que nos prometem ficar, ficam de verdade. Percebi não há mal nenhum se voltar a cair desde que não me demore a erguer, de novo.

Amanhã chega Agosto e eu vou estar de braços e coração abertos para o receber. Vou vestir o meu melhor sorriso e vou ser feliz.

Com amor,

Mia