fotografia: Rui Valido
Durante uma fase bem parva da minha adolescência o meu sonho era ter nascido rapaz. Até porque nome já eu tinha (Maria André). Aquela fase terrível em que os pêlos do corpo crescem à mesma velocidade que surgem borbulhas no rosto e que olhar ao espelho é um acto de coragem.
Passei anos de vida a não gostar de mim. Da minha imagem, do meu corpo, das minhas inseguranças em público. Das minhas inseguranças comigo mesma, sozinha. Cresci a sentir-me o "perfeito"patinho feio.
Quando recordo estes tempos fico sempre a pensar que se calhar perdi uma das melhores fases da minha vida mas a verdade é que esses não foram, de todo, anos muitos felizes.
Acredito que tudo na vida acontece por um motivo. Até as coisas menos boas nos podem ensinar algo e nos ajudam a crescer. O mesmo homem que foi o meu primeiro amor e que tantas vezes me fez sentir diminuída em tanta coisa foi também o homem que, passados alguns anos, me fez ver o quão especial e diferente era eu das outras mulheres. Pelo menos daquelas que ele dizia serem sempre melhores do que eu.
Às vezes precisamos crescer na dor, naqueles momentos em que tudo nos parece não ter mais solução possível, nos momentos em que o coração parece querer sair do peito e que não temos mais ar possível para respirar. Sim, também grande parte da minha adolescência parece ter sido um filme para lá de dramático! ahahaha
(Muitos) anos depois e apesar de, em muitos dias, não gostar da imagem que vejo no espelho, eu sei que ADORO ser Mulher. Adoro ser capaz de fazer várias coisas ao mesmo tempo, de passar uma manhã no cabeleireiro a mimar-me para uma ocasião especial ou simplesmente apenas porque me apetece, adoro o facto de aos 37 anos me sentir independente, sentir que coloquei de lado o medo e que estou a correr atrás de algo que me faz feliz. Sentir que, ao ser quem sou, com os meus defeitos e qualidades, inspiro outras pessoas.
Adoro acordar de manhã, arranjar-me, colocar um batom bonito e sair para enfrentar mais um dia de trabalho cheia de força e confiança. Adoro, de vez enquanto, soltar uma asneira menos bonita, seguida de uma enorme e genuína gargalhada.
(Muitos) anos depois eu amo e sou tão amada. Tão valorizada, tão protegida num amor tão bonito que tenho vindo a construir e que gostava muito que fosse para a vida toda.
Poderia estar aqui a enumerar mil e um motivos pelos quais hoje, definitivamente, gosto de ser mulher, mesmo com toda a celulite da qual sei que não me vou livrar, mesmo percebendo que depois dos 30 já pouco ou nada me adianta estar dois dias sem comer que não emagreço por nada deste mundo! Caramba, se for a pensar bem, em muitos dos meus dias, eu olho ao espelho e ainda me sinto uma miúda. O sorriso continua malandro, os olhos grandes e expressivos e a verdade é que , tantas e tantas vezes, ao final do dia, eu só penso na força que tenho de ter para aguentar tantas coisas. Nós mulheres somos do caraças, temos em nós uma força incrível que nem sempre nos apercebemos, mas que está lá e que quando mais dela precisamos, ela não nos falha, acreditem!
Que possamos todas ser mais unidas. Mais amigas. Que sejam lançadas menos criticas e dirigidos mais elogios. Sinceros. Sem segundas intenções. Sem maldade. Que haja mais amor nos nossos corações. Não só hoje mas sempre.
Dia da Mulher são todos os dias e todos os dias o deveríamos festejar com um sorriso!
Com amor,
Mia
Gosto tanto de vir aqui a este cantinho😉 obrigada Mia❤️
ResponderExcluirMia que foto magnífica, que texto inspirador. beijinho
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