Escrevo-vos este post em tempo real. Encontro-me sentada na esplanada de um café perto da minha nova casa. Continuo sem internet, sem televisão, sem a maior parte dos electrodomésticos normais e alguns móveis. Á minha volta apenas muitos e muitos caixotes, com várias identificações mas não as necessárias para, com a pressa normal de sair pela manhã, encontrar aquilo que tanto preciso. Raios partam para tudo isto, digo eu logo ao acordar!
Sinto-me numa espécie de acampamento, logo eu que odeio acampar. Tento manter alguma calma e raciocínio lógico, afinal, mudei-me de domingo para segunda e a verdade e que somos apenas dois, sem mais ajudas, e não conseguimos fazer milagres.
Tal como já tinha partilhado, e vou poupar-vos a palavras muito lamechas, no domingo foi a última vez que olhei aquela que foi a minha morada durante quase 12 anos de vida. A primeira casa que tive após ter saído de casa dos meus pais. A primeira casa a decorar de raiz, um projecto muito especial e que nunca esquecerei.
A vida é feita de fases, de mudanças e até para mudar é preciso uma certa dose de coragem. Coragem para acreditar naquilo que o futuro nos pode trazer. Ás vezes, tantas vezes, é preciso um bocadinho de sorte na vida, costumo dizer que não a tenho com muita regularidade, mas tenho algo cá dentro que me dá força para seguir em frente e continuar a sorrir à vida, mesmo depois de tantas partidas tão tristes que me tem pregado. A verdade é que me sinto muito cansada, a vários níveis. Durante esta semana perdi muita coisa relacionada com o blog, acabei por ter de estar aqui em casa de volta de todas as mil e uma burocracias que mudar de morada implicam. Coisas onde gostaria de ter estado presente, mas que foi impossível. E tentar explicar isso às pessoas, o quão difícil é por vezes gerir estes horários e compromissos no meio da confusão que é a nossa vida. Sei que muitas não fazem o esforço mais pequeno para perceber mas lamento, eu sou só uma e neste momento esta é a minha prioridade.
Não vos consegui escrever, não me senti com coragem sequer para ligar o computador. É toda uma fase muito estranha comigo mesma, que eu sei que preciso resolver o quanto antes. Se há coisa que a vida me têm mostrado cada vez mais é que o nosso tempo é precioso, e há que saber geri-lo da melhor forma possível. Com as pessoas certas e a fazer aquilo que achamos que faz sentido. Mas sei que o facto de toda esta desarrumação de caixas à minha volta também não ajuda a minha cabeça e tudo me parece hoje muito fora do sitio. Aos poucos acredito que serei capaz de ir dando o rumo certo a tudo, sinto que a sensação que tenho hoje, a de me encontrar perdida, vai ter de acabar por desaparecer ou pelo menos atenuar. Sou muito pouco flexível comigo mesma, exijo muita coisa de mim, ao mesmo tempo e sem grande espaço de manobra. Óbvio que acaba por ser impossível gerir tudo. Chegar a tudo, chegar a todos. Acreditem que ás vezes é muito duro viver com esta ansiedade.
É muito dessa paz que eu pretendo conseguir alcançar com esta mudança. Quero ser capaz de acordar mais dias a sentir-me feliz. A sentir-me confortável no meu lugar. A sentir-me mais grata pelas pequenas coisas que tenho comigo. Quero receber esta luz tão boa e tão especial que esta nova casa tem.
Amanhã faz três meses que o meu Pai partiu e eu continuo nesta enorme revolta interior, a tentar encontra explicações e a tentar encontrar uma forma de aceitar que tenho de aprender a viver os meus dias de uma nova maneira. Descobrir uma forma de o recordar que não doa tanto como agora me dói. Ser capaz de fechar os olhos e senti-lo em paz.
Encho o peito e recebo, no meu maior abraço, este novo recomeço, com esperança de dias felizes, muitos sorrisos, sempre ao lado dos meus, daqueles que nunca me deixaram e que me amam exactamente do jeito que sou. Eu tenho muita fé na vida e sei que o melhor só pode mesmo estar para chegar.
A vida sabe o que faz.
Com amor,
Mia
bom, a vida é feita de mudanças, começos e recomeços! boa sorte nesta nova aventura!
ResponderExcluirTheNotSoGirlyGirl // Instagram // Facebook
(A vida sabe o que faz)...sabe o que leva. Sabe o que traz.
ResponderExcluirEmbora agora possa não parecer: tudo vai correr bem!
Força!
Beijinho
Cris
www.lima-limao.pt
Sempre, a vida sabe sempre o que faz. Custa compreender todo o processo doloroso pelo qual temos que passar até chegarmos ao nosso dito "destino", mas lá no futuro tudo se encaixa e todas as dores se vão tornando mais fáceis de suportar. Neste momento há que ter força, muita e ir reparando nos pequenos raios de sol de cada dia. Um grande beijinho e que este seja um momento de mudança para algo muito bom que esteja para vir*
ResponderExcluirUm beijinho com muita força Mia! Tudo irá ficar bem... o tempo ajuda-nos adaptar à nova realidade e acalmar o coração ❤️
ResponderExcluirOla Mia,
ResponderExcluirhá alguns meses decidi mudar completamente de vida. Encontrava-me há vários anos numa relação que não era boa, não estava bem no trabalho, tinha problemas familiares, etc. Enchi-me de coragem e decidi terminar a relação, deixar o meu trabalho e recomeçar uma vida nova noutro país. Conheci uma pessoa nova com a qual mantenho uma relação muito feliz, arranjei trabalho na mesma área e cá estou. No entanto, tenho sempre uma sensação de trizteza dentro de mim pois sinto que abandonei os meus pais, que os deixei para trás. Cada dia que falo com eles sinto uma enorme saudade que me aperta o coração e que no fundo não me deixa viver a felicidade que neste momento sinto na nova relação e trabalho. Falta me alguma coisa. Todos os dias penso que se perder os meus pais e não estiver por perto nunca me vou perdoar. Há alguma coisa que me mantém por cá, uma força chamada amor, uma esperança de algum dia viverei feliz com todos os que amo por perto. Mas há dias em só as lágrimas me acalmam. Força
Um beijo minha amiga <3 sempre aqui
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