Da perda.

Não sou mãe. Não conheço ainda aquele a que chamam de um "amor maior".

Dizer que se imagina a dor de quem perde um filho não é certo. Porque será certamente daqueles sentimentos que só quem vive sabe do que se trata.

Questiono-me se haverá dor maior e mais profunda do que a de quem perde um filho.

Julgo que não. 

A vida é injusta. Cruel. E tão breve, por vezes ...

 Hoje, e depois de acompanhar este desfecho trágico do filho da jornalista Judite Sousa, falava eu com o marido sobre como se recupera de tudo isto. Ele, que perdeu um irmão, igualmente de forma trágica, diz-me a seco "não se recupera, nunca. é uma dor que nos acompanha para toda a vida. não se esquece nunca. é uma dor sem fim".

Ninguém está preparado para isto. Para dizer adeus a alguém que se ama, acima de qualquer outra coisa na vida.
Eu jamais me sentirei preparada para me despedir daqueles que amo. Não sei dizer adeus ao amor. Nunca soube.

Perante toda esta tristeza, penso no sentido que a vida tem, ou no sentido que cada um de nós lhe dá, diariamente. O tempo que se perde com insignificâncias, com futilidades.

A vida é o que temos agora. A vida é o presente. Por isso, só faz sentido aproveitá-la da melhor forma possível. Que não se perca tempo com o insignificante, com o vazio.

Que se diga mais vezes "gosto de ti" aqueles que nos rodeiam, que vivem connosco, que nos fazem felizes. Que sejamos mais sinceros, mais meigos e gratos. Gratos por estarmos aqui hoje e podermos construir o nosso próprio futuro, com as nossas mãos.

Um beijo,

Mia