Gosto do arrepio da tua língua na minha nuca, gosto que me digas "quero mais" quando creio já te ter dado tudo, gosto das palavras obscenas que inventamos juntos, feitas de restos de barcos e impérios, lodos e dolos do nosso passado comum estoirado pelas costuras. Gosto de imaginar-te mais perto de olhos fechados, captar-te todos os traços como se da última fotografia de todos os rolos existentes no planeta se tratasse e, ao teu ouvido, interromper o silêncio ensurdecedor da noite com palavras ainda por inventar, ouvir-te a respiração descompassada que se segue. Sentir que nada mais importa.
Inês Pedrosa
A eternidade e o desejo
A eternidade e o desejo
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